Básico de Primeiros Socorros em Afogamentos

 BÁSICO DE PRIMEIROS SOCORROS EM AFOGAMENTOS

 

Procedimentos de Salvamento e Reanimação 

Resgate Seguro

  

Métodos de Resgate para Diferentes Situações

Ao realizar um resgate aquático, é essencial ajustar a abordagem de acordo com o ambiente e a profundidade da água. Cada situação exige um método específico de resgate para garantir a segurança tanto da vítima quanto do socorrista.

  • Água Rasa: Quando o afogamento ocorre em água rasa, o resgate pode ser relativamente simples, já que o socorrista pode caminhar até a vítima. Neste caso, é importante aproximar-se com cautela e oferecer suporte à vítima sem colocar-se em risco. Segure a vítima por trás, evitando contato frontal, e ajude-a a sair da água, mantendo a cabeça da vítima fora da superfície.
  • Água Profunda: Em áreas de água profunda, o resgate é mais complexo e, se possível, deve ser feito com o uso de um dispositivo flutuante. Se o socorrista não estiver adequadamente treinado para nadar em água profunda, ele deve evitar entrar na água e buscar ajuda de profissionais de resgate. Caso seja necessário entrar, a abordagem deve ser feita de maneira calma, oferecendo um objeto flutuante para a vítima agarrar, sem permitir que a vítima puxe o socorrista.
  • Correnteza: Em situações com correnteza, como em rios ou mares, o risco aumenta consideravelmente. Nessas circunstâncias, é fundamental evitar nadar diretamente contra a correnteza. Em vez disso, nade na diagonal ou em paralelo à costa até que você saia da zona de correnteza. Se a vítima estiver consciente, oriente-a a fazer o mesmo, mantendo a calma. O resgate em correnteza deve ser feito, sempre que possível, utilizando um barco, corda ou outro equipamento seguro para evitar que o socorrista seja arrastado.

Utilização de Objetos Flutuantes no Resgate

A utilização de objetos flutuantes no resgate é uma técnica essencial para minimizar os riscos tanto para a vítima quanto para o socorrista. Esses objetos oferecem apoio adicional à vítima, permitindo que ela flutue enquanto o resgate é conduzido com segurança. Alguns dos itens mais comuns que podem ser usados incluem:

  • Boias salva-vidas: Um dos dispositivos mais eficazes, as boias podem ser jogadas na direção da vítima para que ela se agarre e seja puxada de volta à segurança. Boias circulares ou retangulares são fáceis de manusear e proporcionam suporte flutuante.
  • Objetos improvisados: Em situações de emergência, qualquer objeto que flutue pode ser útil. Isso inclui pranchas de surfe, bolas de praia, isopores, cordas ou
  • até mesmo pedaços de madeira. O objetivo é proporcionar algo que a vítima possa segurar para aliviar a luta na água e garantir a flutuabilidade.
  • Coletes salva-vidas: Se disponíveis, os coletes salva-vidas devem ser lançados ou entregues à vítima antes de qualquer tentativa de aproximação direta. Isso ajuda a estabilizar a vítima e evita que ela se agarre ao socorrista, colocando ambos em perigo.

O uso desses objetos ajuda a manter uma distância segura entre a vítima e o socorrista, minimizando os riscos de afogamento duplo.

Técnicas para Evitar o Risco do Salvador

O resgate de uma vítima de afogamento pode ser perigoso, especialmente se o socorrista não tomar precauções adequadas. A vítima em pânico pode se agarrar ao socorrista em um reflexo de sobrevivência, o que pode resultar em afogamento duplo. Para evitar esses riscos, algumas técnicas importantes devem ser seguidas:

  • Aproximação pelas costas: Sempre que possível, o socorrista deve se aproximar da vítima por trás. Isso reduz as chances de que a vítima, em pânico, agarre o socorrista e dificulte o resgate. Uma vez por trás da vítima, o socorrista deve segurá-la firmemente em um ponto seguro, como embaixo dos braços ou pelo tronco, mantendo a cabeça da vítima fora da água.
  • Utilizar uma barreira de segurança: Antes de se aproximar da vítima, ofereça um objeto flutuante para que ela se agarre. Isso proporciona segurança para ambos e impede que a vítima puxe o socorrista para baixo. Manter essa barreira de segurança entre o socorrista e a vítima é uma maneira eficaz de evitar o contato direto.
  • Manter a calma e comunicar-se: É fundamental que o socorrista se mantenha calmo e procure tranquilizar a vítima, dando instruções claras e encorajando-a a respirar lentamente e a colaborar com o resgate. A comunicação eficiente pode reduzir o pânico da vítima e facilitar o resgate.
  • Evitar o contato direto sem preparação: Se o socorrista não estiver treinado em resgates aquáticos, a melhor abordagem pode ser evitar o contato direto com a vítima. Utilizar equipamentos de segurança, como boias, cordas ou outros objetos, é uma maneira mais segura de realizar o resgate sem expor-se ao risco de afogamento.

A segurança do socorrista é primordial durante qualquer tentativa de resgate. Tomando as precauções corretas, é possível realizar um resgate eficaz e seguro, minimizando o risco de incidentes para ambas as partes.


Técnicas de Reanimação (RCP)

 

A Reanimação Cardiopulmonar (RCP) é uma técnica essencial para salvar vidas em situações

Reanimação Cardiopulmonar (RCP) é uma técnica essencial para salvar vidas em situações de emergência, incluindo afogamentos. O afogamento causa parada respiratória e, rapidamente, parada cardíaca, tornando a RCP uma medida de extrema importância para restaurar a respiração e a circulação sanguínea.

Passos da Reanimação Cardiopulmonar (RCP) em Vítimas de Afogamento

Em casos de afogamento, o protocolo de RCP segue algumas etapas específicas para maximizar as chances de sobrevivência. O afogamento é uma situação onde a asfixia (falta de oxigênio) precede a parada cardíaca, portanto, é fundamental priorizar a ventilação logo no início da reanimação.

1.     Verificar a Responsividade da Vítima: Antes de iniciar a RCP, é necessário verificar se a vítima está consciente. Tente chamar a pessoa e sacudir levemente seus ombros. Se ela não responder, considere-a inconsciente e continue com o próximo passo.

2.     Chamar por Ajuda: Se possível, peça para que alguém chame o serviço de emergência imediatamente ou faça a chamada você mesmo se estiver sozinho.

3.     Iniciar a RCP:

o    Posicionar a vítima: Coloque a vítima deitada de costas sobre uma superfície firme e nivelada.

o    Abrir as vias aéreas: Incline suavemente a cabeça da vítima para trás, levantando o queixo para abrir as vias respiratórias.

o    Fornecer Ventilações Iniciais: Diferente da RCP para outras emergências, em casos de afogamento, inicie com 5 ventilações boca a boca. Aperte o nariz da vítima, sele os lábios ao redor da boca dela e sopre lentamente, observando se o tórax se eleva. Se não houver elevação, ajuste a inclinação da cabeça e tente novamente.

o    Compressões Torácicas: Após as 5 ventilações, inicie as compressões torácicas. Coloque suas mãos uma sobre a outra no centro do tórax da vítima (para crianças, use uma mão; para bebês, use dois dedos). Faça 30 compressões a uma profundidade de cerca de 5 cm para adultos (4 cm para crianças e bebês), com uma cadência de 100 a 120 compressões por minuto.

4.     Repetir o Ciclo: Após 30 compressões, repita o ciclo com 2 ventilações boca a boca seguidas por mais 30 compressões torácicas. Continue o ciclo até que a vítima comece a respirar ou até a chegada de ajuda médica.

Diferenciação do RCP em Adultos, Crianças e Bebês

As técnicas de RCP variam ligeiramente entre adultos, crianças e bebês devido às diferenças de tamanho, força física e resistência.

  • Adultos:
    • Ventilações: Sopro completo, utilizando o volume total dos pulmões do socorrista.
    • Compressões: Use as
    • duas mãos sobrepostas no centro do tórax, pressionando com força e profundidade (cerca de 5 cm).
  • Crianças (1 a 8 anos):
    • Ventilações: Realizar ventilações completas, mas com menor força.
    • Compressões: Utilize apenas uma mão para realizar as compressões, com uma profundidade de cerca de 4 cm. A proporção permanece a mesma: 30 compressões para 2 ventilações.
  • Bebês (menos de 1 ano):
    • Ventilações: Sopro suave e controlado, apenas o suficiente para ver o tórax do bebê subir, evitando sobre pressão.
    • Compressões: Use dois dedos para pressionar o centro do tórax, realizando compressões com uma profundidade de cerca de 3 a 4 cm.

Em todos os casos, o ritmo das compressões deve ser o mesmo, com 100 a 120 compressões por minuto. A proporção entre compressões e ventilações permanece em 30:2.

Importância da Ventilação e Compressões no Afogamento

Em casos de afogamento, o foco principal é restaurar a oxigenação do corpo, já que a principal causa da parada cardíaca é a asfixia. Por isso, ao contrário de outras situações em que as compressões são a prioridade, em casos de afogamento, a ventilação deve ser iniciada antes das compressões.

  • Ventilação: Durante o afogamento, a vítima não consegue respirar, e a água nas vias aéreas impede a troca de oxigênio. As ventilações iniciais fornecem ar para os pulmões da vítima, essencial para restabelecer a oxigenação do sangue.
  • Compressões: As compressões torácicas mantêm a circulação sanguínea, garantindo que o oxigênio fornecido pelas ventilações alcance os órgãos vitais, como o cérebro e o coração. Sem as compressões, o sangue oxigenado não circula de forma adequada.

A combinação correta de ventilação e compressões é crucial para reverter o quadro de afogamento. Em muitos casos, a eficácia da RCP depende da rapidez com que é iniciada, já que os danos ao cérebro por falta de oxigênio começam a ocorrer em poucos minutos. Portanto, em situações de afogamento, cada segundo conta, e a RCP imediata pode fazer a diferença entre a vida e a morte.


Uso do Desfibrilador Externo Automático (DEA)

 

O Desfibrilador Externo Automático (DEA) é uma ferramenta crucial em situações de emergência cardíaca, incluindo casos de afogamento, onde a parada cardíaca pode ocorrer como resultado de asfixia. O DEA é projetado para ser simples de usar, mesmo por pessoas sem treinamento médico, fornecendo instruções claras e automatizadas para ajudar a salvar vidas.

Quando e Como Usar o DEA em Vítimas de Afogamento

Em casos de afogamento, a vítima pode entrar em parada cardíaca

devido à falta prolongada de oxigênio. Nesses casos, após iniciar a reanimação cardiopulmonar (RCP), o uso do DEA pode ser necessário se o coração da vítima estiver em um ritmo de fibrilação ventricular ou taquicardia ventricular, que são ritmos cardíacos que o DEA pode corrigir com um choque.

Quando usar o DEA:

  • O DEA deve ser usado em vítimas inconscientes e sem pulso, após a realização de algumas séries de RCP (compressões torácicas e ventilação).
  • Em situações de afogamento, o DEA deve ser aplicado após realizar pelo menos 2 minutos de RCP (geralmente cerca de 5 ciclos de 30 compressões e 2 ventilações), uma vez que o coração pode precisar de suporte ventilatório antes de receber um choque.
  • O DEA não deve ser usado se a vítima estiver respirando ou apresentando pulso. Ele é indicado apenas em casos de parada cardíaca.

Como usar o DEA:

1.     Ligar o DEA: A primeira etapa é ligar o aparelho. Os modelos de DEA fornecem instruções de voz que guiam o usuário durante todo o processo.

2.     Preparar a vítima: Seque o peito da vítima se estiver molhado, principalmente em casos de afogamento, para garantir que os eletrodos do DEA possam aderir adequadamente à pele. A água pode interferir na condução elétrica, por isso é essencial secar completamente a pele.

3.     Aplicar os eletrodos: Coloque os eletrodos adesivos (geralmente um no lado direito superior do peito, abaixo da clavícula, e outro no lado esquerdo inferior, abaixo do peito) conforme as instruções. Os adesivos detectam o ritmo cardíaco e determinam se um choque é necessário.

4.     Analisar o ritmo cardíaco: O DEA fará uma análise automática do ritmo cardíaco da vítima. Durante esse período, ninguém deve tocar na vítima para evitar interferência na leitura do aparelho.

5.     Administrar o choque (se necessário): Se o DEA determinar que um choque é necessário, ele emitirá instruções para se afastar da vítima e pressionar o botão de choque. Após o choque, o DEA guiará o socorrista a continuar a RCP por mais alguns minutos, antes de realizar uma nova análise do ritmo cardíaco.

Procedimentos com e sem o DEA Disponível

Com o DEA disponível:

  • Inicie a RCP imediatamente e continue até que o DEA esteja disponível.
  • Assim que o DEA for trazido ao local, siga as etapas descritas acima: ligar o aparelho, secar a vítima, aplicar os eletrodos e seguir as instruções do dispositivo.
  • Após o choque (se administrado), continue com a RCP conforme instruído pelo DEA.

Sem o DEA disponível:

  • Se o DEA não estiver disponível, continue a RCP
  • sem interrupção, realizando ciclos de 30 compressões torácicas e 2 ventilações até que ajuda profissional chegue ou a vítima mostre sinais de vida (como respirar ou mover-se).
  • Mesmo sem o DEA, a RCP é extremamente eficaz para manter o fluxo sanguíneo e fornecer oxigênio aos órgãos vitais, especialmente se realizada de forma imediata e contínua.

Cuidados Após o Uso do DEA

Depois que o DEA é utilizado, mesmo que a vítima recupere os sinais vitais, alguns cuidados precisam ser tomados:

1.     Continuar a RCP (se necessário): Se a vítima não recuperar a respiração ou o pulso após o uso do DEA, continue a RCP conforme as instruções do aparelho. O DEA pode realizar novas análises e, se necessário, recomendar outro choque.

2.     Monitorar a vítima: Se a vítima recuperar os sinais vitais (respiração e pulso), mantenha-a em uma posição segura, como a posição lateral de segurança, para evitar sufocamento em caso de vômito e continue monitorando seus sinais vitais até que a equipe de emergência chegue.

3.     Atenção à hipotermia: Em casos de afogamento, a vítima pode estar em risco de hipotermia, especialmente se o afogamento ocorreu em águas frias. Mantenha a vítima aquecida com cobertores ou qualquer material disponível para prevenir a perda de calor corporal, enquanto aguarda a chegada de ajuda médica.

4.     Relatar o uso do DEA aos socorristas: Ao chegar a equipe de emergência, informe que o DEA foi utilizado e quantas vezes o choque foi administrado. Essa informação é crucial para o tratamento posterior no hospital.

O DEA é um dispositivo salvador de vidas, mas é importante lembrar que sua eficácia aumenta quando utilizado em conjunto com a RCP e em um ambiente seguro. Mesmo em casos onde o DEA não recomenda um choque, a RCP deve continuar até que a ajuda médica chegue.

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