Organização de Buffet para Eventos

 ORGANIZAÇÃO DE BUFFET PARA EVENTOS

 

 

Execução e Controle Operacional 

Logística e montagem de eventos

  

1. Introdução

A logística é um dos pilares mais importantes na organização de buffets e eventos, pois envolve o planejamento, o transporte, a montagem, a conservação de alimentos e o controle de materiais. Uma logística eficiente garante que todos os recursos — humanos, materiais e alimentares — estejam disponíveis no tempo e local adequados, assegurando a fluidez das operações e a qualidade do serviço.

Na área de eventos, o termo logística assume uma dimensão ampliada: não se trata apenas de transporte e armazenamento, mas de coordenar pessoas, tempo e infraestrutura para que cada etapa seja executada de forma integrada e sem imprevistos. Um planejamento logístico bem estruturado é essencial para o sucesso de um buffet, evitando atrasos, desperdícios e falhas na entrega ao cliente (Castro, 2021).

2. Planejamento da Montagem e Desmontagem

O planejamento da montagem e desmontagem de um evento deve ser realizado de forma detalhada e sequencial, contemplando desde a chegada dos equipamentos até a retirada final dos materiais. Essa etapa requer uma visão sistêmica que envolva todos os setores — cozinha, salão, transporte, decoração e limpeza — de maneira sincronizada.

montagem inicia-se com a conferência do local e a verificação das condições de infraestrutura, como energia elétrica, água, ventilação e acessos. Em seguida, é realizada a instalação das mesas, cadeiras, balcões, utensílios, equipamentos de aquecimento e refrigeração, bem como a decoração e a iluminação. O cronograma deve definir horários para cada etapa, evitando sobreposição de tarefas e garantindo segurança na movimentação de cargas (Bastos, 2020).

desmontagem é uma fase igualmente importante e deve ser planejada com o mesmo cuidado. Após o término do evento, a equipe deve proceder à coleta de utensílios, limpeza de materiais, descarte adequado de resíduos e conferência de itens. A desmontagem organizada evita perdas, danos e reduz o tempo de reocupação do espaço, especialmente quando o local é compartilhado ou alugado.

Uma prática recomendada é a elaboração de um checklist operacional, com a lista completa de itens e responsáveis, desde a chegada até a saída do material. Essa ferramenta ajuda a prevenir esquecimentos e otimiza o controle logístico (Ferreira, 2019).

3. Transporte e Conservação de Alimentos

O transporte de alimentos é uma das etapas mais delicadas na logística de um buffet, pois

envolve riscos diretos à segurança alimentar. A manipulação incorreta, a falta de refrigeração ou o tempo excessivo de deslocamento podem comprometer a qualidade e a salubridade dos produtos.

legislação sanitária, especialmente a Resolução RDC nº 216/2004 da ANVISA, estabelece parâmetros para o transporte seguro de alimentos, determinando que veículos e caixas térmicas devem ser higienizados, identificados e dotados de sistemas de controle de temperatura. Os alimentos frios devem ser mantidos abaixo de 10°C e os quentes acima de 60°C até o momento do consumo.

planejamento do transporte deve considerar a distância entre o local de preparo e o local do evento, as condições das vias, o tempo de percurso e a sequência de entrega. O uso de veículos com compartimentos isotérmicos e caixas térmicas reforçadas é indispensável para garantir a conservação adequada (Costa, 2018).

Outro aspecto importante é a organização interna dos alimentos dentro dos veículos: pratos prontos, sobremesas, bebidas e insumos devem ser separados e identificados, evitando contaminação cruzada. A equipe responsável deve utilizar Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e seguir as Boas Práticas de Manipulação durante todo o processo (Lima, 2020).

A conservação adequada dos alimentos é determinante para a reputação do buffet, pois assegura sabor, textura e aparência ideais, refletindo o compromisso com a qualidade e a saúde do consumidor.

4. Armazenamento e Controle de Estoque

O armazenamento e o controle de estoque são atividades logísticas que garantem a disponibilidade e integridade dos insumos utilizados no buffet. Um sistema de armazenamento eficiente evita desperdícios, facilita a reposição e permite o monitoramento de prazos de validade e quantidades disponíveis.

armazenamento de alimentos deve seguir critérios técnicos, com separação entre produtos secos, refrigerados e congelados. As áreas de estocagem precisam ser ventiladas, limpas e protegidas contra pragas, umidade e variações de temperatura. O método PEPS (Primeiro que Entra, Primeiro que Sai) é amplamente recomendado para assegurar a rotatividade adequada dos produtos e evitar vencimentos (Ferreira, 2019).

Além dos alimentos, o estoque também inclui utensílios, materiais descartáveis, equipamentos e elementos de decoração. Manter um inventário atualizado facilita a previsão de compras e a análise de consumo por evento, permitindo uma gestão mais precisa dos custos.

controle de estoque pode ser feito manualmente, por

planilhas, ou com auxílio de softwares de gestão específicos para buffets e eventos. Esses sistemas registram entradas e saídas de produtos, alertam sobre prazos de validade e auxiliam na composição de cardápios com base nos insumos disponíveis.

A integração entre os setores de compras, cozinha e financeiro é essencial para que o controle de estoque contribua para a sustentabilidade econômica do negócio. O desperdício de alimentos e materiais representa não apenas perda financeira, mas também impacto ambiental e ético (Silva, 2021).

5. Cronograma Operacional do Evento

O cronograma operacional é o instrumento que organiza todas as etapas do evento de forma lógica e temporal, servindo como guia para a equipe. Ele define prazos, responsáveis e recursos necessários para cada atividade, desde a preparação inicial até o encerramento.

Um cronograma eficiente deve contemplar:

  • Planejamento prévio: reuniões com o cliente, definição de cardápio, elaboração de orçamento e contratação de fornecedores.
  • Preparação e montagem: transporte de materiais, ambientação, instalação de equipamentos e teste de funcionamento.
  • Execução do evento: recepção de convidados, serviço de buffet, acompanhamento do andamento e resolução de imprevistos.
  • Desmontagem e avaliação: coleta de materiais, limpeza, armazenamento e relatório final de desempenho.

A elaboração desse cronograma deve envolver todos os setores do buffet — administração, cozinha, salão e logística —, garantindo integração e cooperação entre as equipes. É recomendável que o cronograma seja revisado periodicamente e ajustado conforme a complexidade do evento e o número de convidados (Bastos, 2020).

Durante a execução, o papel da liderança é fundamental para garantir que o cronograma seja cumprido com disciplina e flexibilidade. Imprevistos são comuns em eventos, e a capacidade de adaptação da equipe é o que diferencia um serviço amador de uma operação profissional.

6. Considerações Finais

A logística e a montagem de eventos representam o núcleo operacional de um buffet. São processos que exigem planejamento rigoroso, coordenação entre equipes e atenção constante aos detalhes. O êxito de um evento depende da eficiência com que os recursos são mobilizados e geridos, garantindo pontualidade, qualidade e segurança alimentar.

Planejar a montagem, o transporte, o armazenamento e o cronograma de forma integrada não apenas otimiza o desempenho operacional, mas também reforça a credibilidade da empresa e a satisfação dos clientes. Em um setor

altamente competitivo, a excelência logística é um diferencial estratégico e uma expressão de profissionalismo e comprometimento.

Referências Bibliográficas

  • ANVISA. Resolução RDC nº 216/2004 – Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação. Brasília: Agência Nacional de Vigilância Sanitária, 2004.
  • BASTOS, Carlos H. Planejamento e Organização de Eventos. Rio de Janeiro: LTC, 2020.
  • CASTRO, Ana Lúcia de. Gestão de Eventos e Serviços de Alimentação. São Paulo: Senac, 2021.
  • COSTA, Mariana L. Serviço de Sala e Atendimento em Eventos. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2018.
  • FERREIRA, José A. Manual de Gastronomia e Serviços de Buffet. São Paulo: Senac, 2019.
  • LIMA, André P. Catering e Logística de Alimentação para Eventos. Porto Alegre: Penso, 2020.
  • SILVA, Marta R. Sustentabilidade e Gastronomia: práticas responsáveis na alimentação fora do lar. São Paulo: Editora Educ, 2021.


Etiqueta e Atendimento ao Cliente

 

1. Introdução

O atendimento ao cliente é um dos pilares centrais do sucesso de qualquer buffet, sendo determinante para a reputação e a fidelização dos clientes. Em um evento, o serviço prestado pela equipe é percebido não apenas pela eficiência operacional, mas também pela forma como o público é acolhido, atendido e respeitado. Nesse contexto, a etiqueta profissional e as técnicas de atendimento são instrumentos essenciais para transmitir credibilidade, empatia e excelência.

O buffet é um ambiente de interação social e, portanto, requer que os profissionais dominem normas de comportamento, comunicação e postura. Cada detalhe — desde a recepção até o pós-evento — deve refletir atenção, cordialidade e compromisso com a satisfação do cliente. Segundo Castro (2021), o bom atendimento é o que transforma um evento tecnicamente correto em uma experiência memorável.

2. Técnicas de Recepção e Acolhimento

A recepção é o primeiro contato entre o cliente ou convidado e a equipe do buffet, sendo determinante para criar uma impressão positiva. Uma acolhida cordial, organizada e respeitosa estabelece o tom do evento e contribui para o conforto emocional dos presentes.

As técnicas de recepção envolvem postura, linguagem e ambientação. O profissional deve manter uma expressão facial amigável, olhar atencioso e postura ereta. A saudação deve ser feita com voz clara e tom agradável, utilizando formas de tratamento adequadas ao perfil do público e à formalidade do evento. Pequenos gestos, como oferecer ajuda para localizar mesas ou orientar sobre o funcionamento do serviço,

são facial amigável, olhar atencioso e postura ereta. A saudação deve ser feita com voz clara e tom agradável, utilizando formas de tratamento adequadas ao perfil do público e à formalidade do evento. Pequenos gestos, como oferecer ajuda para localizar mesas ou orientar sobre o funcionamento do serviço, são demonstrações de cuidado e profissionalismo (Costa, 2018).

acolhimento vai além do cumprimento inicial: significa criar um ambiente de hospitalidade e pertencimento. No contexto de um buffet, isso implica atenção contínua às necessidades dos convidados — como a reposição de bebidas, o auxílio a pessoas com mobilidade reduzida e o acompanhamento de convidados especiais.

Para Castro (2021), o acolhimento é a tradução prática da empatia. Ele deve ser planejado, treinado e supervisionado, pois a percepção de qualidade do cliente é altamente subjetiva e influenciada pelo atendimento humano.

3. Atendimento Durante o Serviço de Buffet

Durante o evento, a equipe de atendimento torna-se a principal ponte entre o buffet e o público. Cada ação deve ser pautada pela cortesia, agilidade e discrição. O profissional precisa agir com iniciativa, antecipando-se às demandas sem ser invasivo.

Nos serviços de buffet, especialmente nos modelos americano e à inglesa, o fluxo de convidados é intenso, exigindo coordenação e harmonia entre os atendentes. O maître e os garçons devem observar o salão de forma estratégica, garantindo a reposição constante de alimentos e bebidas, a limpeza das mesas e o suporte imediato a qualquer necessidade.

atendimento de excelência também envolve domínio das normas de etiqueta à mesa: evitar conversas desnecessárias, circular sem pressa, segurar bandejas com segurança e nunca cruzar o salão de forma desordenada. Segundo Ferreira (2019), a postura corporal e o controle emocional são diferenciais competitivos no setor de eventos, pois refletem a imagem da marca e a cultura organizacional.

Além disso, é fundamental que os profissionais mantenham atenção especial a detalhes como o volume da música ambiente, a temperatura do salão e a satisfação geral dos convidados. A proatividade é um elemento de ouro no serviço de buffet — o profissional que identifica e resolve problemas antes que o cliente perceba contribui diretamente para o sucesso do evento.

4. Solução de Imprevistos e Atendimento Pós-Evento

Nenhum evento está livre de imprevistos. Falhas no fornecimento de energia, atrasos de fornecedores, queda de alimentos ou insatisfação de um convidado podem

evento está livre de imprevistos. Falhas no fornecimento de energia, atrasos de fornecedores, queda de alimentos ou insatisfação de um convidado podem ocorrer mesmo em planejamentos bem executados. A diferença entre um evento problemático e um evento bem-sucedido está na capacidade de resposta da equipe.

solução de imprevistos requer calma, discrição e comunicação eficiente entre os membros da equipe. Problemas nunca devem ser discutidos na frente dos convidados; toda ação corretiva deve ser feita de forma rápida e imperceptível. O maître, nesse contexto, atua como mediador entre a equipe e o cliente, garantindo que as medidas necessárias sejam tomadas sem comprometer a atmosfera do evento (Lima, 2020).

Após o término do evento, o atendimento pós-evento é igualmente importante. Ele inclui o envio de agradecimentos, a coleta de feedback e a resolução de eventuais pendências financeiras ou logísticas. Essa etapa reforça a imagem de profissionalismo e demonstra preocupação com a continuidade do relacionamento. Para Bastos (2020), o pós-evento é o momento em que o cliente decide se voltará a contratar a empresa — é o ponto em que o vínculo comercial se transforma em fidelização.

Além disso, o feedback obtido deve ser analisado pela gerência para aprimorar processos, corrigir falhas e valorizar boas práticas. Um serviço de buffet que adota o pós-evento como ferramenta de gestão constrói reputação sólida e melhora continuamente sua performance.

5. Comunicação Assertiva e Personalização da Experiência

comunicação assertiva é uma habilidade indispensável em qualquer equipe de atendimento. Consiste em expressar-se de forma clara, objetiva e respeitosa, equilibrando empatia e firmeza. Nos buffets, essa competência é essencial tanto nas interações internas quanto no contato direto com clientes e convidados.

Uma comunicação assertiva evita ruídos, mal-entendidos e conflitos, garantindo que as informações sejam compreendidas e executadas corretamente. O uso de vocabulário adequado, tom de voz controlado e escuta ativa são práticas fundamentais. Segundo Costa (2018), a assertividade é o elo entre a eficiência técnica e o atendimento humanizado.

personalização da experiência é outro fator que diferencia os buffets de excelência. Trata-se da capacidade de adaptar o atendimento às preferências e particularidades de cada cliente. Isso inclui lembrar nomes, preferências alimentares, restrições e até detalhes emocionais do evento, como aniversários ou celebrações familiares.

A

personalização também pode ser aplicada à ambientação e à forma de servir, ajustando o estilo de atendimento ao tipo de público. Em eventos corporativos, por exemplo, o atendimento deve ser mais formal e discreto, enquanto em eventos sociais pode ser mais espontâneo e acolhedor. Essa flexibilidade reforça a percepção de valor e demonstra sensibilidade por parte da equipe (Silva, 2021).

O domínio da comunicação e da empatia cria uma experiência integrada, em que o convidado se sente reconhecido e valorizado. Em um mercado competitivo, essa percepção emocional é o que transforma um serviço comum em uma experiência inesquecível.

6. Considerações Finais

A etiqueta e o atendimento ao cliente constituem o coração do serviço de buffet. Mais do que servir alimentos, os profissionais são responsáveis por transmitir hospitalidade, respeito e atenção aos detalhes. O domínio das técnicas de recepção, atendimento e comunicação assertiva é o que diferencia um serviço mecânico de uma experiência encantadora.

O sucesso de um evento depende tanto da qualidade gastronômica quanto da qualidade humana da equipe. A empatia, o profissionalismo e a cortesia são valores que devem ser incorporados à cultura organizacional e praticados em todas as etapas do atendimento.

Assim, investir em treinamento, comunicação e personalização não é apenas uma estratégia operacional, mas um compromisso ético com a satisfação do cliente e a excelência no serviço de eventos.

Referências Bibliográficas

  • BASTOS, Carlos H. Planejamento e Organização de Eventos. Rio de Janeiro: LTC, 2020.
  • CASTRO, Ana Lúcia de. Gestão de Eventos e Serviços de Alimentação. São Paulo: Senac, 2021.
  • COSTA, Mariana L. Serviço de Sala e Atendimento em Eventos. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2018.
  • FERREIRA, José A. Manual de Gastronomia e Serviços de Buffet. São Paulo: Senac, 2019.
  • LIMA, André P. Catering e Logística de Alimentação para Eventos. Porto Alegre: Penso, 2020.
  • SILVA, Marta R. Sustentabilidade e Gastronomia: práticas responsáveis na alimentação fora do lar. São Paulo: Editora Educ, 2021.


Segurança Alimentar e Higiene

 

1. Introdução

A segurança alimentar é um princípio essencial para qualquer serviço de buffet e alimentação coletiva, representando não apenas um requisito legal, mas também um compromisso ético com a saúde dos consumidores. Ela consiste no conjunto de práticas destinadas a garantir que os alimentos sejam produzidos, armazenados, manipulados e servidos de forma segura, evitando contaminações físicas, químicas e

biológicas. A negligência nesse processo pode acarretar surtos de doenças transmitidas por alimentos (DTAs), danos à imagem da empresa e implicações jurídicas graves (ANVISA, 2004).

A higiene, nesse contexto, é um dos pilares da segurança alimentar, envolvendo desde a limpeza dos utensílios e equipamentos até a postura e os hábitos dos manipuladores. A atuação coordenada entre equipe, infraestrutura e gestão é fundamental para assegurar que todas as etapas de produção e serviço ocorram dentro dos padrões exigidos pela legislação sanitária e pelas Boas Práticas de Manipulação (BPF).

2. Normas da ANVISA e Vigilância Sanitária

No Brasil, as normas que regulamentam a segurança alimentar são elaboradas e fiscalizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e pelos órgãos de Vigilância Sanitária municipais e estaduais. Essas instituições estabelecem diretrizes que devem ser seguidas por todos os serviços de alimentação, incluindo restaurantes, buffets, cozinhas industriais e eventos.

A principal referência é a Resolução RDC nº 216/2004, que dispõe sobre o Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação. Essa norma define os critérios para instalações físicas, higienização de equipamentos, controle de pragas, manipulação de alimentos, capacitação de funcionários e controle de qualidade. Ela exige que cada estabelecimento mantenha manuais de boas práticas e procedimentos operacionais padronizados (POPs) para orientar e registrar as rotinas de higiene (ANVISA, 2004).

Vigilância Sanitária atua como órgão fiscalizador, realizando inspeções periódicas para verificar se os estabelecimentos cumprem as exigências legais. As penalidades para o descumprimento podem incluir advertências, multas, interdições e até suspensão de funcionamento. Segundo Costa (2018), a conformidade com as normas sanitárias é um indicador de profissionalismo e responsabilidade social, reforçando a confiança do consumidor.

Além da RDC 216, outras normas complementares da ANVISA e do Ministério da Agricultura — como a RDC nº 275/2002, sobre verificação das Boas Práticas, e a Portaria nº 326/1997, que trata de critérios de higiene em alimentos industrializados — também são aplicáveis a buffets que manipulam, transportam e armazenam alimentos.

3. Boas Práticas de Manipulação de Alimentos (BPF)

As Boas Práticas de Manipulação de Alimentos (BPF) são um conjunto de procedimentos obrigatórios que asseguram a qualidade higiênico-sanitária dos alimentos servidos. Elas abrangem

desde o recebimento das matérias-primas até o momento do consumo e visam prevenir contaminações por microrganismos, substâncias tóxicas e corpos estranhos.

Entre os princípios das BPF, destacam-se:

  • Higiene pessoal dos manipuladores: os profissionais devem usar uniformes limpos, cabelos presos e cobertos, unhas curtas e sem esmalte, além de evitar o uso de adornos. A lavagem correta das mãos é obrigatória antes do início do trabalho, após o uso do sanitário e após contato com lixo ou superfícies contaminadas.
  • Controle de matérias-primas: todo produto deve ser adquirido de fornecedores regulares, dentro do prazo de validade e devidamente armazenado.
  • Separação de áreas e processos: deve haver distinção entre as zonas de manipulação de alimentos crus e cozidos, evitando contaminação cruzada.
  • Treinamento contínuo: todos os manipuladores devem receber capacitação sobre higiene, segurança e boas práticas operacionais (Ferreira, 2019).

As BPF representam não apenas um requisito legal, mas também uma ferramenta de gestão da qualidade. A aplicação rigorosa desses princípios melhora o desempenho operacional, reduz perdas e reforça a reputação da empresa perante clientes e órgãos fiscalizadores (Castro, 2021).

4. Controle de Temperatura e Descarte de Sobras

controle de temperatura é uma etapa crítica na segurança alimentar, pois o crescimento de microrganismos patogênicos é diretamente influenciado pelas condições térmicas. O intervalo entre 10°C e 60°C é conhecido como “zona de perigo”, na qual bactérias como SalmonellaEscherichia coli e Staphylococcus aureus se multiplicam rapidamente.

De acordo com a ANVISA (2004), alimentos quentes devem ser mantidos acima de 60°C até o momento do consumo, utilizando equipamentos como rechauds e estufas, enquanto os alimentos frios devem permanecer a temperaturas inferiores a 10°C, armazenados em geladeiras ou balcões refrigerados.

monitoramento constante por meio de termômetros e registros diários é obrigatório em serviços de alimentação. A falta de controle pode comprometer a qualidade e levar à inutilização de grandes quantidades de alimentos, gerando prejuízos econômicos e riscos à saúde (Lima, 2020).

Quanto ao descarte de sobras, é fundamental estabelecer critérios claros. Alimentos que permaneceram expostos à temperatura ambiente por mais de duas horas devem ser descartados. Já os que foram mantidos sob refrigeração podem ser reaproveitados, desde que devidamente acondicionados e reprocessados dentro dos prazos seguros. O

descarte consciente também envolve a separação e o destino adequado dos resíduos orgânicos e recicláveis, contribuindo para a sustentabilidade do buffet (Silva, 2021).

5. Higienização de Utensílios e Ambiente de Trabalho

A higienização correta dos utensílios, equipamentos e ambientes é indispensável para a prevenção de contaminações. Ela deve ser realizada de forma contínua e sistemática, utilizando produtos e procedimentos adequados.

O processo de higienização envolve duas etapas: limpeza (remoção de sujidades visíveis) e sanitização (eliminação de microrganismos patogênicos). Na limpeza, empregam-se detergentes neutros e água corrente; na sanitização, utiliza-se solução clorada ou outro desinfetante aprovado pela ANVISA. Utensílios e superfícies que entram em contato direto com alimentos devem ser higienizados antes e após o uso.

cozinha e as áreas de serviço devem manter-se organizadas, ventiladas e livres de umidade excessiva. É obrigatório o controle de pragas, com barreiras físicas e produtos desinfetantes aplicados por empresas licenciadas. O lixo deve ser armazenado em recipientes com tampa e removido periodicamente.

De acordo com Ferreira (2019), a padronização das rotinas de limpeza deve constar em um Plano de Higienização, que especifique frequência, responsáveis e produtos utilizados. Essa documentação facilita o acompanhamento pelas autoridades sanitárias e assegura a rastreabilidade dos procedimentos.

Além disso, os sanitários e vestiários da equipe precisam ser mantidos em perfeito estado de conservação e higiene, com lavatórios dotados de sabonete líquido, papel toalha e lixeira de acionamento não manual. O cumprimento rigoroso dessas práticas demonstra profissionalismo e respeito à legislação.

6. Considerações Finais

A segurança alimentar e a higiene são fundamentos indispensáveis para a credibilidade e sustentabilidade de qualquer buffet. A aplicação rigorosa das normas da ANVISA, o cumprimento das Boas Práticas de Manipulação, o controle de temperatura e o descarte adequado de sobras formam um sistema integrado de prevenção e qualidade.

Mais do que uma exigência legal, a segurança alimentar é uma expressão de respeito ao consumidor e de responsabilidade social. Um evento bem executado depende da confiança que o cliente deposita na equipe e nos processos do buffet — confiança essa que só é conquistada com rigor técnico, disciplina e ética profissional.

Investir em higiene, controle e capacitação é investir na longevidade e na reputação do

negócio, garantindo que cada refeição servida seja sinônimo de qualidade, segurança e hospitalidade.

Referências Bibliográficas

  • ANVISA. Resolução RDC nº 216/2004 – Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação. Brasília: Agência Nacional de Vigilância Sanitária, 2004.
  • ANVISA. Resolução RDC nº 275/2002 – Procedimentos Operacionais Padronizados e Lista de Verificação de Boas Práticas. Brasília: Agência Nacional de Vigilância Sanitária, 2002.
  • BASTOS, Carlos H. Planejamento e Organização de Eventos. Rio de Janeiro: LTC, 2020.
  • CASTRO, Ana Lúcia de. Gestão de Eventos e Serviços de Alimentação. São Paulo: Senac, 2021.
  • COSTA, Mariana L. Serviço de Sala e Atendimento em Eventos. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2018.
  • FERREIRA, José A. Manual de Gastronomia e Serviços de Buffet. São Paulo: Senac, 2019.
  • LIMA, André P. Catering e Logística de Alimentação para Eventos. Porto Alegre: Penso, 2020.
  • SILVA, Marta R. Sustentabilidade e Gastronomia: práticas responsáveis na alimentação fora do lar. São Paulo: Editora Educ, 2021.
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