Conceitos Básicos de Administração de Medicamentos na Enfermagem

 CONCEITOS BÁSICOS DE ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS NA ENFERMAGEM

 

Segurança na Administração de Medicamentos 

Os 9 Certos da Administração de Medicamentos

 

A administração segura de medicamentos é um dos principais desafios na assistência à saúde. Erros de medicação podem causar efeitos adversos graves e comprometer a segurança do paciente. Para minimizar esses riscos, profissionais de enfermagem e saúde seguem os "9 Certos da Administração de Medicamentos", um conjunto de diretrizes que garantem a correta administração e reduzem a probabilidade de erros (ISMP, 2021).

1. Conceito e Importância da Conferência Correta

Os "9 Certos" da administração de medicamentos são um conjunto de princípios desenvolvidos para garantir que o paciente receba o medicamento correto, na dose adequada, pelo método apropriado e no momento certo. Esses princípios visam reduzir erros de medicação, que são uma das principais causas de eventos adversos evitáveis em hospitais e clínicas (WORLD HEALTH ORGANIZATION - WHO, 2019).

Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que erros na administração de medicamentos podem resultar em complicações graves, prolongamento da hospitalização e até óbito. Dessa forma, seguir os "9 Certos" é essencial para garantir a segurança do paciente e a qualidade do tratamento (WHO, 2019).

2. Aplicação dos 9 Certos na Prática

Os "9 Certos" são um guia prático que deve ser seguido rigorosamente por profissionais de saúde. Cada um deles desempenha um papel essencial na administração segura de medicamentos.

1. Paciente Certo

  • Confirmar a identidade do paciente utilizando pelo menos dois identificadores, como nome completo e data de nascimento.
  • Nunca administrar medicamentos com base em reconhecimento visual ou apelidos.

2. Medicamento Certo

  • Conferir o nome do medicamento na prescrição médica, no rótulo e na embalagem.
  • Certificar-se de que não há nomes similares que possam causar confusão.

3. Dose Certa

  • Verificar a dose prescrita e realizar cálculos matemáticos adequados para evitar superdosagem ou subdosagem.
  • Utilizar balanças, seringas e copos medidores para garantir precisão.

4. Via Certa

  • Confirmar se a via de administração está correta (oral, intravenosa, intramuscular, subcutânea, tópica, entre outras).
  • Nunca alterar a via sem autorização médica, pois pode comprometer a absorção e eficácia do medicamento.

5. Horário Certo

  • Administrar o medicamento no horário correto para garantir sua eficácia terapêutica.
  • Em caso de atraso ou adiantamento, verificar se há impacto na absorção e
  • efeito do fármaco.

6. Registro Certo

  • Documentar corretamente a administração no prontuário do paciente, informando medicamento, dose, via, horário e possíveis reações adversas.
  • A falta de registro pode gerar dúvidas e comprometer o tratamento.

7. Abordagem Certa

  • Explicar ao paciente sobre o medicamento que está sendo administrado, seus benefícios e possíveis efeitos colaterais.
  • Garantir que o paciente esteja confortável e receptivo ao tratamento.

8. Resposta Certa

  • Monitorar sinais vitais e avaliar se o medicamento está produzindo o efeito desejado.
  • Caso o paciente apresente reações adversas, notificar imediatamente a equipe médica.

9. Razão Certa

  • Avaliar se o medicamento é necessário e se está sendo utilizado corretamente conforme a condição clínica do paciente.
  • Evitar a administração de fármacos sem necessidade ou em duplicidade.

A aplicação rigorosa desses princípios aumenta a segurança na administração medicamentosa e melhora a qualidade do atendimento ao paciente (FERREIRA et al., 2020).

3. Como Evitar Erros Comuns na Administração de Medicamentos

Mesmo com protocolos rigorosos, erros podem ocorrer. Algumas estratégias para evitá-los incluem:

3.1 Uso de Tecnologia

  • Sistemas de prescrição eletrônica ajudam a reduzir erros na escrita e interpretação de medicamentos.
  • O uso de códigos de barras permite a identificação segura do paciente e do medicamento.

3.2 Educação e Treinamento Contínuo

  • Os profissionais de saúde devem passar por capacitações periódicas sobre segurança medicamentosa.
  • Simulações de erros ajudam a treinar a equipe e evitar falhas.

3.3 Comunicação Efetiva

  • A equipe multidisciplinar deve se comunicar de forma clara e objetiva para evitar erros na prescrição e administração.
  • Uso do método SBAR (Situação, Background, Avaliação e Recomendação) melhora a troca de informações entre profissionais.

3.4 Ambiente Seguro e Organização

  • Medicamentos devem ser armazenados corretamente, separados por categoria e bem identificados.
  • Evitar distrações durante a administração para minimizar riscos.

Conclusão

A adoção dos "9 Certos" na administração de medicamentos é uma estratégia fundamental para reduzir erros e garantir a segurança do paciente. Esses princípios ajudam a evitar falhas comuns, como troca de medicamentos, doses erradas e administração em horários incorretos. Além disso, o uso de tecnologias, treinamentos e comunicação eficaz são essenciais para um ambiente de saúde seguro e eficiente.

Referências Bibliográficas

FERREIRA, T. R.; LOPES, J. S.; MORAES, G. P. Protocolos Clínicos

e Segurança na Administração de Medicamentos. 2ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2020.

INSTITUTE FOR SAFE MEDICATION PRACTICES (ISMP). Guidelines for Safe Medication Administration. 2021. Disponível em: https://www.ismp.org.

WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Medication Safety in High-Alert Medications. Genebra, 2019. Disponível em: https://www.who.int.


Cálculo de Medicamentos e Diluições

 

A administração segura de medicamentos na enfermagem exige conhecimento e precisão nos cálculos matemáticos. Erros na dosagem podem comprometer a eficácia do tratamento e causar efeitos adversos graves. Dessa forma, os profissionais de enfermagem devem dominar conceitos básicos de cálculo, regras de três e diluições para garantir a segurança do paciente (SILVA et al., 2021).

1. Conceitos Básicos de Cálculos Matemáticos na Enfermagem

Os cálculos aplicados à enfermagem são utilizados para definir doses corretas de medicamentos, ajustar concentrações e preparar soluções. Os principais conceitos matemáticos incluem:

  • Unidades de medida: Conversão entre miligramas (mg), gramas (g), microgramas (mcg), litros (L) e mililitros (mL).
  • Proporção e regra de três: Utilizadas para ajustar doses e preparar diluições.
  • Fórmulas de dosagem: Cálculo de dose, volume e velocidade de infusão.

dose prescrita (DP) é a quantidade de medicamento recomendada pelo médico, enquanto a dose disponível (DD) refere-se à concentração do medicamento disponível para uso. A fórmula básica para o cálculo da dose é:

Dose a administrar = Dose prescrita × Volume disponível / Dose disponível

Esse cálculo garante que a dose correta seja administrada ao paciente, evitando subdosagem ou superdosagem (FERREIRA et al., 2020).

2. Regras de Três e Diluições Medicamentosas

regra de três é um dos métodos mais utilizados para calcular a quantidade correta de medicamento. Ela pode ser aplicada para converter doses, ajustar concentrações e calcular a velocidade de infusão.

2.1 Regra de Três Simples

Se uma ampola contém 500 mg de medicamento em 5 mL e o médico prescreve 250 mg, a quantidade a ser administrada é calculada assim:

500 mg→5 mL

250 mg→X mL

X=250×5/500​=2,5 mL

Dessa forma, o volume correto a ser administrado é 2,5 mL.

2.2 Diluições Medicamentosas

Alguns medicamentos precisam ser diluídos antes da administração. A diluição é necessária para ajustar a concentração do medicamento e reduzir riscos ao paciente. A fórmula utilizada para calcular a diluição é:

Concentração Final = Quantidade de Soluto / Volume Final ​

Por exemplo, se um

antibiótico vem em pó com 1 g de princípio ativo e precisa ser diluído em 10 mL de diluente, a concentração final será:

1000 mg10 mL=100 mg/mL

Se o médico prescrever 400 mg, o volume necessário será:

X=400100=4 mL

3. Exercícios Práticos de Cálculo

Exemplo 1: Cálculo de Dose

Um paciente precisa receber 750 mg de um medicamento. A ampola disponível contém 500 mg/2 mL. Qual o volume necessário?

Solução:

500 mg→2 mL

750 mg→X mL

X=750×2/500​=3 mL

O volume a ser administrado é 3 mL.

Exemplo 2: Cálculo de Gotejamento Intravenoso

Um paciente precisa receber 1000 mL de soro fisiológico em 8 horas. O equipo utilizado tem 20 gotas/mL. Quantas gotas por minuto devem ser administradas?

Solução:

1.     Calcular o volume por hora:

1000/8=125 mL/hora

2.     Converter para gotas/minuto:

125×20=2500 gotas/

3.     Dividir por 60 minutos:

2500/60=41,6≈42 gotas/minuto

O paciente deve receber 42 gotas por minuto.

Conclusão

O cálculo correto de medicamentos e diluições é fundamental para a prática segura da enfermagem. A aplicação da regra de três, conversão de unidades e diluições são habilidades essenciais para evitar erros e garantir a administração adequada dos fármacos. O treinamento contínuo e a prática constante desses cálculos são indispensáveis para a segurança do paciente e a qualidade da assistência (WHO, 2019).

Referências Bibliográficas

FERREIRA, T. R.; LOPES, J. S.; MORAES, G. P. Protocolos Clínicos e Segurança na Administração de Medicamentos. 2ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2020.

SILVA, A. R.; PEREIRA, C. N.; FREITAS, L. M. Cálculo de Medicamentos para Enfermagem: Teoria e Prática. São Paulo: Editora Saúde, 2021.

WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Medication Safety in High-Alert Medications. Genebra, 2019. Disponível em: https://www.who.int.


Prevenção de Erros na Administração Medicamentosa

 

A administração de medicamentos é uma das principais responsabilidades dos profissionais de saúde, especialmente da enfermagem. No entanto, erros nesse processo podem comprometer a eficácia do tratamento, causar eventos adversos graves e, em casos extremos, levar ao óbito do paciente. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), os erros de medicação estão entre as principais causas de danos evitáveis aos pacientes em sistemas de saúde (WHO, 2019). Para minimizar esses riscos, é essencial identificar suas principais causas e adotar protocolos de segurança eficazes.

1. Principais Causas de Erros e Como Evitá-los

Os erros na administração de medicamentos podem ocorrer em qualquer etapa do processo,

desde a prescrição até a dispensação e administração. As causas mais comuns incluem:

1.1 Erros na Prescrição

  • Uso inadequado de abreviações.
  • Prescrição ilegível ou ambígua.
  • Falta de informações sobre alergias ou interações medicamentosas.
    Prevenção: Implementação da prescrição eletrônica, padronização das nomenclaturas e capacitação dos profissionais.

1.2 Erros na Dispensação

  • Troca de frascos ou embalagens similares.
  • Falha na conferência da dose ou concentração do medicamento.
    Prevenção: Uso de códigos de barras e verificação dupla antes da entrega do medicamento ao profissional responsável pela administração.

1.3 Erros na Administração

  • Não seguir os "9 Certos" da administração medicamentosa.
  • Administração na via errada (exemplo: intravenosa em vez de intramuscular).
  • Falta de monitoramento de reações adversas.
    Prevenção: Treinamento contínuo da equipe, uso de listas de verificação e implementação de protocolos rigorosos de segurança (ISMP, 2021).

1.4 Erros no Monitoramento do Paciente

  • Falta de acompanhamento dos efeitos colaterais.
  • Não verificar sinais de toxicidade.
    Prevenção: Avaliação periódica do paciente e comunicação ativa entre a equipe multiprofissional.

2. Protocolos de Segurança para Administração de Medicamentos

A implementação de protocolos é essencial para minimizar erros e garantir a segurança do paciente. Algumas medidas fundamentais incluem:

2.1 Aplicação dos "9 Certos" da Administração de Medicamentos

Os "9 Certos" são um dos pilares da segurança medicamentosa e incluem a verificação do paciente, medicamento, dose, via, horário, registro, abordagem, resposta e razão certa (FERREIRA et al., 2020).

2.2 Implementação da Dupla Checagem

dupla checagem consiste na conferência independente do medicamento por dois profissionais de saúde antes da administração. Esse protocolo é obrigatório para medicamentos de alta vigilância, como anticoagulantes, insulinas e quimioterápicos (ISMP, 2021).

2.3 Uso de Protocolos Padronizados

  • Protocolos institucionais para administração de medicamentos de risco.
  • Padronização de rótulos e embalagens para evitar confusões.
  • Treinamentos periódicos para atualização dos profissionais.

2.4 Comunicação Eficiente entre a Equipe

  • Implementação do método SBAR (Situação, Background, Avaliação e Recomendação) para transferências de informações sobre medicamentos.
  • Incentivo à cultura de notificação de erros sem punição, visando a aprendizagem institucional.

3. Uso de Tecnologia na Redução de Falhas

A tecnologia desempenha um papel crucial na redução de erros de

medicação, melhorando a segurança e eficiência na administração de medicamentos. Algumas inovações incluem:

3.1 Prescrição Eletrônica

  • Reduz erros de interpretação e ilegibilidade.
  • Permite alertas sobre interações medicamentosas e alergias.
  • Melhora a rastreabilidade do tratamento (WHO, 2019).

3.2 Códigos de Barras e Identificação Eletrônica

  • Escaneamento de código de barras para garantir correspondência correta entre paciente, prescrição e medicamento.
  • Redução de trocas acidentais de fármacos.

3.3 Sistemas de Dispensação Automatizada

  • Redução do risco de dispensação incorreta.
  • Controle rigoroso de estoque e validade dos medicamentos.

3.4 Bombeamento Eletrônico para Infusão Intravenosa

  • Programação precisa da dose e do tempo de infusão.
  • Alertas automáticos para evitar superdosagem.

O uso dessas tecnologias, aliado à capacitação dos profissionais, contribui significativamente para a redução de eventos adversos relacionados à administração medicamentosa (ISMP, 2021).

Conclusão

A prevenção de erros na administração de medicamentos exige um esforço contínuo dos profissionais de saúde e das instituições. A adoção de protocolos de segurança, como os "9 Certos", a dupla checagem e a comunicação eficaz, são estratégias essenciais para minimizar riscos. Além disso, o avanço tecnológico, por meio da prescrição eletrônica, códigos de barras e sistemas automatizados, tem se mostrado uma ferramenta fundamental para a melhoria da segurança do paciente. O compromisso com a educação continuada e a cultura de segurança deve ser prioridade em qualquer ambiente de assistência à saúde.

Referências Bibliográficas

FERREIRA, T. R.; LOPES, J. S.; MORAES, G. P. Protocolos Clínicos e Segurança na Administração de Medicamentos. 2ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2020.

INSTITUTE FOR SAFE MEDICATION PRACTICES (ISMP). Guidelines for Safe Medication Administration. 2021. Disponível em: https://www.ismp.org.

WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Medication Safety in High-Alert Medications. Genebra, 2019. Disponível em: https://www.who.int.

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