Procedimentos Operacionais e Específicos da NR 34
Segurança em Trabalhos a Quente
Trabalhos a quente são atividades que envolvem a geração de calor, faíscas, ou chama aberta, e são comuns na indústria naval, especialmente em processos de construção, reparação e desmonte de embarcações. A Norma Regulamentadora 34 (NR 34) define diretrizes específicas para garantir a segurança desses trabalhos, que apresentam riscos elevados de incêndios, explosões e lesões graves.
Definição e Exemplos de Trabalhos a Quente na Indústria Naval
Trabalhos a quente referem-se a qualquer atividade que envolva a geração de calor intenso ou a produção de faíscas, com potencial para iniciar combustão ou causar queimaduras. Na indústria naval, esses trabalhos são frequentes devido à necessidade de unir, cortar ou reparar metais e outras superfícies. Exemplos comuns de trabalhos a quente incluem:
- Soldagem: Processo de união de metais por meio de calor, frequentemente utilizando arcos elétricos, chamas de gás, ou lasers.
- Corte com maçarico: Uso de maçaricos para cortar metais, que gera faíscas e calor intenso.
- Lixamento e esmerilhamento: Produzem faíscas ao remover material de superfícies metálicas.
- Brasagem e soldagem forte: Técnicas de união de metais usando ligas de solda a temperaturas elevadas.
- Aquecimento e dobramento de metais: Processos que utilizam calor para moldar ou ajustar componentes metálicos.
Essas atividades são indispensáveis na fabricação e reparo de embarcações, mas apresentam riscos significativos que requerem medidas preventivas e procedimentos de segurança rigorosos.
Riscos Associados e Medidas Preventivas
Os trabalhos a quente na indústria naval envolvem diversos riscos, tanto para os trabalhadores quanto para a integridade da embarcação. Os principais riscos associados incluem:
- Risco de incêndio: A presença de materiais inflamáveis, como tintas, solventes e resíduos de óleo, pode facilmente causar incêndios quando expostos a faíscas ou calor intenso.
- Risco de explosão: Em ambientes onde há gases ou vapores inflamáveis, as faíscas geradas por trabalhos a quente podem provocar explosões.
- Risco de queimaduras: O manuseio inadequado de equipamentos de soldagem e corte pode resultar em queimaduras graves.
- Risco de inalação de fumos tóxicos: A soldagem e o corte de metais podem liberar fumos e gases tóxicos, que são prejudiciais à saúde dos trabalhadores.
Para mitigar esses riscos, várias medidas preventivas devem ser adotadas:
- Inspeção prévia do local de trabalho: Antes de iniciar
- Antes de iniciar qualquer trabalho a quente, é fundamental inspecionar a área para identificar e remover materiais inflamáveis e garantir uma ventilação adequada.
- Utilização de EPIs: Os trabalhadores devem usar EPIs apropriados, como aventais de couro, luvas resistentes ao calor, máscaras de solda com filtros apropriados, e botas de segurança.
- Isolamento da área: A área onde serão realizados os trabalhos a quente deve ser isolada com barreiras de proteção para evitar a propagação de faíscas e calor para áreas adjacentes.
- Disponibilidade de extintores de incêndio: Equipamentos de combate a incêndio, como extintores e mangueiras de água, devem estar prontamente disponíveis e acessíveis.
- Presença de vigias: Um vigia treinado deve estar presente durante a execução dos trabalhos a quente para monitorar a segurança e agir rapidamente em caso de emergência.
Procedimentos de Segurança Específicos para Soldagem, Corte e Outras Atividades a Quente
A NR 34 especifica procedimentos de segurança que devem ser rigorosamente seguidos para minimizar os riscos durante a realização de trabalhos a quente:
- Autorização prévia: Nenhuma atividade a quente deve ser iniciada sem uma autorização prévia, que deve ser concedida após a inspeção e a implementação das medidas de segurança necessárias.
- Ventilação adequada: Durante a soldagem e corte, é essencial garantir uma ventilação adequada para dissipar fumos e gases tóxicos, especialmente em espaços confinados. Em alguns casos, sistemas de exaustão localizados podem ser necessários.
- Uso de abafadores de faíscas: Durante o corte e a esmerilhagem, abafadores de faíscas devem ser utilizados para impedir que as faíscas atinjam materiais inflamáveis.
- Proteção contra radiações: Na soldagem, os trabalhadores devem estar protegidos contra radiações emitidas pelo arco elétrico, que pode causar danos aos olhos e à pele.
- Procedimentos de encerramento: Ao término do trabalho, deve-se inspecionar a área para garantir que não há materiais incandescentes ou fontes de calor remanescentes que possam causar um incêndio posteriormente.
A implementação rigorosa desses procedimentos de segurança é essencial para proteger os trabalhadores e a integridade das embarcações durante a execução de trabalhos a quente na indústria naval. Essas medidas não só previnem acidentes graves, mas também garantem que as operações sejam realizadas de forma segura e eficiente.
Proteção Contra Quedas e Espaços Confinados
A Norma Regulamentadora 34 (NR 34) estabelece diretrizes
específicas para garantir a segurança dos trabalhadores em situações de risco elevado, como trabalhos em altura e em espaços confinados. Essas atividades são comuns na indústria naval, onde a construção, reparação e desmonte de embarcações frequentemente envolvem operações em locais elevados ou restritos. Para proteger os trabalhadores, a NR 34 define normas e procedimentos que devem ser seguidos rigorosamente.
Normas de Segurança para Trabalhos em Altura Segundo a NR 34
Trabalhos em altura são aqueles realizados a uma altura superior a 2 metros, onde há risco de queda. Na indústria naval, esses trabalhos podem incluir atividades em andaimes, plataformas, mastros, e até em áreas internas das embarcações, como conveses superiores. A NR 34 estabelece que todas as atividades em altura devem ser planejadas, organizadas e executadas de maneira a garantir a segurança dos trabalhadores.
As normas de segurança para trabalhos em altura incluem:
- Planejamento e Avaliação de Riscos: Antes de iniciar qualquer trabalho em altura, é necessário realizar uma avaliação detalhada dos riscos envolvidos. Isso inclui a identificação de perigos potenciais, como a instabilidade da superfície de trabalho, condições climáticas adversas, e a proximidade de áreas com risco de queda.
- Capacitação dos Trabalhadores: Somente trabalhadores devidamente treinados e capacitados devem ser autorizados a realizar trabalhos em altura. A capacitação deve incluir o uso correto de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e procedimentos de emergência.
- Ancoragens Seguras: A NR 34 exige que todos os equipamentos de proteção contra quedas sejam ancorados de forma segura. As ancoragens devem ser instaladas em pontos fixos e resistentes, capazes de suportar o peso e a força gerada em caso de queda.
Medidas de Proteção Contra Quedas
Para minimizar os riscos associados aos trabalhos em altura, a NR 34 estabelece uma série de medidas de proteção contra quedas, que devem ser implementadas sempre que houver risco de acidentes:
- Uso de Cinturões de Segurança com Talabarte: Os trabalhadores devem utilizar cinturões de segurança acoplados a talabartes (cordas de segurança) durante todo o período em que estiverem expostos ao risco de queda. Esses dispositivos devem ser presos a pontos de ancoragem seguros e devem permitir a liberdade de movimento sem comprometer a segurança.
- Instalação de Redes de Proteção: Em áreas de risco elevado, como andaimes e plataformas de trabalho, redes de proteção devem ser instaladas para
- evitar quedas acidentais. Essas redes devem ser inspecionadas regularmente para garantir sua integridade.
- Utilização de Plataformas de Trabalho Adequadas: Sempre que possível, os trabalhos em altura devem ser realizados em plataformas de trabalho estáveis e seguras. Essas plataformas devem ser equipadas com guardas-corpo e rodapés para evitar quedas.
- Monitoramento e Supervisão Contínua: Durante a realização de trabalhos em altura, deve haver supervisão contínua por parte de um profissional capacitado, responsável por monitorar as condições de segurança e assegurar que todos os procedimentos estão sendo seguidos.
Segurança em Trabalhos em Espaços Confinados: Procedimentos e Equipamentos Necessários
Espaços confinados são locais com aberturas limitadas para entrada e saída, ventilação inadequada, ou que não foram projetados para a ocupação contínua de pessoas. Exemplos comuns na indústria naval incluem tanques de combustível, porões de carga, e áreas internas de cascos de embarcações. Trabalhos em espaços confinados apresentam riscos significativos, como asfixia, intoxicação por gases, e falta de oxigênio, tornando essencial a adoção de medidas rigorosas de segurança.
Os principais procedimentos e equipamentos necessários para a segurança em espaços confinados, conforme a NR 34, incluem:
- Análise de Riscos e Planejamento: Antes de qualquer entrada em um espaço confinado, deve ser realizada uma análise de riscos detalhada para identificar os perigos potenciais, como a presença de gases tóxicos ou a deficiência de oxigênio. O planejamento deve incluir a definição de procedimentos de resgate e de comunicação.
- Monitoramento de Atmosfera: A atmosfera dentro de espaços confinados deve ser monitorada constantemente para detectar a presença de gases perigosos ou a falta de oxigênio. Equipamentos de monitoramento, como detectores de gases, devem ser utilizados antes e durante a entrada no espaço confinado.
- Ventilação Adequada: Para garantir a segurança dos trabalhadores, a ventilação dos espaços confinados deve ser mantida por meio de equipamentos de ventilação forçada, como exaustores e ventiladores, que ajudam a remover contaminantes do ar e a garantir uma atmosfera respirável.
- Equipamentos de Proteção Respiratória: Dependendo das condições identificadas, os trabalhadores podem precisar utilizar equipamentos de proteção respiratória, como máscaras de ar fornecido ou respiradores com filtro. Esses equipamentos protegem contra a inalação de gases tóxicos e garantem o
- fornecimento adequado de oxigênio.
- Treinamento e Capacitação Específica: Os trabalhadores que realizam atividades em espaços confinados devem receber treinamento específico sobre os riscos envolvidos e sobre o uso correto dos equipamentos de segurança. Eles também devem estar preparados para lidar com situações de emergência.
- Supervisão e Comunicação: Durante o trabalho em espaços confinados, deve haver supervisão externa constante e uma comunicação eficaz entre os trabalhadores dentro do espaço confinado e a equipe de suporte externa. Sistemas de comunicação, como rádios ou intercomunicadores, são essenciais para garantir a coordenação e a resposta rápida em caso de emergência.
A aplicação rigorosa dessas normas e procedimentos de segurança para trabalhos em altura e em espaços confinados é fundamental para proteger a vida dos trabalhadores e garantir a execução segura e eficiente das operações na indústria naval.
Controle de Atmosferas Explosivas
A Norma Regulamentadora 34 (NR 34) aborda o controle de atmosferas explosivas como uma das questões mais críticas na segurança de trabalhadores na indústria naval e offshore. Esses ambientes de trabalho apresentam riscos elevados devido à presença de substâncias inflamáveis, como vapores de combustíveis, solventes, poeiras combustíveis e gases, que podem gerar atmosferas explosivas se misturados com o ar. A identificação, controle e mitigação desses riscos são essenciais para prevenir explosões e proteger os trabalhadores.
Identificação e Controle de Atmosferas Explosivas em Áreas de Risco
Atmosferas explosivas são ambientes onde uma mistura de ar com gases inflamáveis, vapores, névoas ou poeiras pode se inflamar, causando explosões. A identificação de atmosferas explosivas é o primeiro passo para controlar os riscos associados.
Identificação:
- Monitoramento Contínuo: É essencial monitorar continuamente a concentração de substâncias inflamáveis no ar, utilizando detectores de gases especializados. Estes equipamentos devem ser calibrados regularmente para garantir a precisão nas leituras.
- Classificação de Zonas: As áreas de risco devem ser classificadas em zonas de acordo com a probabilidade de formação de atmosferas explosivas. Por exemplo, zonas onde atmosferas explosivas estão constantemente presentes são classificadas como zonas de maior risco.
- Avaliação de Materiais: Todos os materiais utilizados, como combustíveis, solventes e produtos químicos, devem ser avaliados quanto ao seu potencial de criar atmosferas
- explosivas. Isso inclui a revisão de fichas de segurança de materiais (FISPQ) para entender os riscos associados.
Controle:
- Ventilação Adequada: Uma das principais medidas de controle é garantir uma ventilação eficaz para diluir e remover vapores inflamáveis, minimizando a concentração abaixo do limite explosivo.
- Uso de Equipamentos à Prova de Explosão: Em áreas classificadas como de risco, somente equipamentos elétricos e mecânicos projetados para operar em atmosferas explosivas devem ser utilizados. Esses equipamentos são construídos para evitar a ignição de misturas inflamáveis.
- Isolamento de Fontes de Ignição: Fontes de ignição, como faíscas elétricas, superfícies quentes e chamas abertas, devem ser rigorosamente controladas ou eliminadas em áreas onde há risco de atmosferas explosivas.
Equipamentos e Procedimentos para Trabalhar em Ambientes com Risco de Explosão
Trabalhar em ambientes com risco de explosão requer o uso de equipamentos e a adoção de procedimentos específicos para garantir a segurança dos trabalhadores:
Equipamentos:
- Detectores de Gases Portáteis: Estes dispositivos são essenciais para a detecção rápida de gases inflamáveis em áreas de trabalho. Eles devem ser utilizados antes de entrar em uma área de risco e durante a execução das atividades.
- Ferramentas Antiestáticas: Ferramentas manuais devem ser fabricadas com materiais que não gerem faíscas, como alumínio ou bronze, e que evitem a acumulação de eletricidade estática.
- Equipamentos de Proteção Individual (EPIs): Em áreas de risco de explosão, os trabalhadores devem usar EPIs específicos, como roupas antiestáticas, botas condutivas, e capacetes à prova de faíscas.
- Iluminação à Prova de Explosão: Em áreas onde atmosferas explosivas podem ocorrer, apenas iluminação certificada para uso em ambientes explosivos deve ser utilizada para evitar faíscas acidentais.
Procedimentos:
- Análise de Risco Prévia: Antes de iniciar qualquer trabalho, deve-se realizar uma análise de risco detalhada, que inclua a identificação de todas as potenciais fontes de ignição e a avaliação da presença de atmosferas explosivas.
- Procedimentos de Entrada Controlada: O acesso a áreas com risco de explosão deve ser restrito a pessoal treinado, e o procedimento de entrada deve incluir verificações de segurança, como a medição da concentração de gases inflamáveis.
- Planos de Emergência: Planos de emergência específicos para situações de explosão devem estar em vigor, incluindo rotas de evacuação, procedimentos de socorro e sistemas de
- alarme. Todos os trabalhadores devem ser treinados para agir rapidamente em caso de emergência.
Medidas Preventivas e Ações Corretivas
Prevenir explosões em ambientes de risco requer uma abordagem proativa, com a implementação de medidas preventivas e ações corretivas para mitigar os riscos:
Medidas Preventivas:
- Manutenção Regular: Equipamentos e sistemas em áreas de risco devem passar por manutenção regular para garantir que não apresentem falhas que possam causar ignição. Isso inclui a inspeção de vedantes, conexões elétricas e sistemas de ventilação.
- Treinamento Contínuo: Todos os trabalhadores que operam em áreas com risco de explosão devem receber treinamento contínuo sobre os riscos envolvidos, o uso correto dos EPIs, e os procedimentos de segurança a serem seguidos.
- Controle de Eletricidade Estática: Medidas para prevenir a acumulação de eletricidade estática, como o uso de roupas condutivas e aterramento de equipamentos, devem ser implementadas em áreas de risco.
Ações Corretivas:
- Resposta Rápida a Incidentes: Em caso de detecção de atmosferas explosivas ou identificação de falhas em sistemas de segurança, as operações devem ser imediatamente interrompidas, e ações corretivas devem ser tomadas para eliminar o risco antes de retomar o trabalho.
- Revisão de Procedimentos: Após qualquer incidente ou quase acidente, os procedimentos de segurança devem ser revisados e, se necessário, atualizados para evitar a repetição do problema.
- Relatórios de Incidentes: Todos os incidentes relacionados a atmosferas explosivas devem ser documentados, e as lições aprendidas devem ser disseminadas entre todos os trabalhadores para melhorar as práticas de segurança.
O controle eficaz de atmosferas explosivas é essencial para garantir a segurança dos trabalhadores na indústria naval e offshore. A identificação precoce, o uso de equipamentos adequados e a adoção de procedimentos rigorosos de segurança são fundamentais para prevenir acidentes graves e proteger a vida no ambiente de trabalho.